sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Release do IV Fest Primavera / VI Encontro de Bandas de Ravena


Centenária Entidade Filantrópica e com intenso trabalho junto à comunidade de Ravena a Sociedade Musical Lira da Paz ultrapassa, através de uma visão aberta e nada excludente a tradicional função das bandas de música com suas procissões e retretas é a primeira sociedade musical de Sabará a criar seu próprio encontro de bandas e vem neste ano de 2010 realizarr seu VI Encontro de Bandas e IV Fest Primavera em Ravena.

Coordenado pelo maestro Alleton de Melo Silveira o Fest - Primavera e o Encontro de Bandas de Ravena vem suprindo uma carência cultural na comunidade, tanto no que diz respeito a capacitação dos músicos quanto a formação de público especifico para este tipo de evento. Prova disto é que em seus seis anos de existência já participaram mais de seis mil pessoas como expectadores em todos os festivais e mais de 2000 mil músicos passando pelo encontro de Bandas de Ravena.

Neste ano de 2010, contando com apoio da Prefeitura Municipal de Sabará o festival iniciará no dia 11 de setembro com a apresentação da Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena no adro da igreja do Rosário e dos dias 15 a 19 de setembro teremos Cine-Banda, Aulas de Dança de Salão, Apresentações Musicais e o Encontro de Bandas.

Neste ano teremos pela primeira vez aulas de: Clarinete, Flauta, Sax-sofone, Trombone, Tuba e Bombardino, Percussão e Regência. As aulas acontecerão no dia 18 de setembro das 9:30 atés as 17:30 horas na Sede da Sociedade Musical Lira da Paz e na Escola Estadual José Luiz Gonzaga Ferreira e como encerramento do dia acontecerá a apresentação do as 19:00 na praça da matriz de Ravena da Banda de Música de Charqueada / São Paulo.

Para o Encontro de Bandas de Ravena já estão confirmadas as Bandas de São Caetano / Mariana, Santo Antônio de Roças Grandes, Nossa Senhora de Fátima, Lira da Paz / Sabará, Banda Municipal de Charqueada e Banda Sinfônica da UEMG

Também neste ano o Festival acontecerá junto ao Festival da Banana realizado pela Prefeitura Municipal de Sabará

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

VI Encontro de Bandas / IV Fest- Primavera de 15 a 19 setembro 2010


Centenária Entidade Filantrópica e com intenso trabalho junto à comunidade de Ravena a Sociedade Musical Lira da Paz ultrapassa, através de uma visão aberta e nada excludente a tradicional função das bandas de música com suas procissões e retretas é a primeira sociedade musical de Sabará a criar seu próprio encontro de bandas e vem neste ano de 2010 realizarr seu VI Encontro de Bandas e IV Fest Primavera em Ravena.

Coordenado pelo maestro Alleton de Melo Silveira o Primavera e o Encontro de Bandas de Ravena vem suprindo uma carência cultural na comunidade, tanto no que diz respeito a capacitação dos músicos quanto a formação de público especifico para este tipo de evento. Prova disto e que em seus seis anos de existência já teve mais de seis mil pessoas como espectadoras de todos os festivais e já teve mais de 2000 mil músicos passando por Ravena.

Neste ano de 2010, contando com apoio da Prefeitura Municipal de Sabará o festival iniciará no dia 11 de setembro com a apresentação da Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena no adro da igreja do Rosário e a partir dos dias 15 a 19 de setembro com Palestras, workshoppings, grupos instrumentais, grupos de dança oferecidos gratuitamente e que acontecerão na sede da sociedade musical e praça da matriz de Ravena.

Os cursos de instrumentos musicais oferecidos a toda comunidade sabarense e regiões vizinhas já tem como confimardos:


Regência: Carlos Eduardo Prates
Trompa: Abilio - Sinfônica de Minas Gerais
Trombone: Helinho - Sinfônica de Minas Gerais
Trompete: Sandro - Escola de Música de Nova Lima
Percussão: Aloisio - Sinfônica de Minas Gerias
Clarinete: Daniel Campos - Universidade do Estado de Minas Gerais

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Três fases da historia da Banda de Ravena....

Introdução

“As Bandas de Música são como rosas que mesmo quando perdem suas pétalas, retomam sua beleza após surgirem novos brotos” (Cícero, 2000).

Reestruturada sobre este pensamento do até então presidente Cícero Ferreira Pinto, a Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena vê no ano de 2000 uma nova oportunidade de ressurgir com seus trabalhos junto à comunidade de Ravena. A banda de música se encontrava paralisada, já se passavam quase quarenta anos. A Sociedade Musical somente se apresentava quanto se fazia os “junta-junta” de músicos que viam de regiões distintas. Eis que surge, através de um projeto da Prefeitura Municipal de Sabará que contrata o maestro, a possibilidade de reestruturar a Lira da Paz. É neste momento que eu, Alleton de Melo Silveira, tenho a oportunidade de passar a fazer parte da história desta sociedade musical. Eu ainda cursava o quarto período de Bacharelado em Flauta Transversal pela Universidade do Estado de Minas Gerais.

Foi um trabalho de difícil execução, no inicio, pela falta de recursos didáticos que pudesse me auxiliar nas aulas. Se eu quisesse apresentar um CD’ para os alunos escutarem tinha que pedir alguém para me emprestar o aparelho de som. E devido a estas dificuldades que comecei a desenvolver meu método de ensino musical, ou seja, técnicas por mim utilizadas para o ensino na Lira da Paz.

Quanto aos novos alunos, a maioria era descendeste dos antigos músicos de Ravena, e estavam interessados em dar continuidade a historia musical deixada pelos seus antepassados. Isto fez com que um estudo da história da banda fosse realizado, pois até então não se tinha nenhum registro, apenas alguns relatos feitos por antigos músicos da Sociedade Musical Lira da Paz. Estes relatos versam sobre o método de ensino utilizado. Resta abordar os resultados obtidos, e isto é feito, através de relatos por meio de um questionário entregue aos alunos desta já reestruturada banda de música, onde o ponto mais importante é saber quais são as mudanças que a música trouxe para a vida dos alunos e da comunidade de Ravena.


1. A história da Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena

Com o objetivo de integração entre os alunos da banda de música e a comunidade a que estes pertencem se pretende, através do levantamento histórico, a valorização da memória da centenária Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena.

A história da Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena ou Lira da Paz como a chamaremos doravante, é construída através de fatos contados por músicos mais antigos ainda remanescentes na comunidade de Ravena, além do resgate de documentos como atas e fotos e do estudo de repertório existente nos arquivos da Lira da Paz. Há indícios de ensino musical em Ravena anteriores a formação da Lira da Paz. Estas aulas de música foram lecionadas por Frei Francisco, amigo pessoal de Frei Luiz de Ravena, como relata Antônio Marcos Severino em entrevista que me foi cedida (Entrevista, 2003). Ex-integrante da Lira da Paz e também juiz de paz desta comunidade, Antônio Marcos Severino conta que Frei Chiquinho, como era conhecido, tocava órgão de tubo no Colégio do Caraça e foi professor deste instrumento em Ravena, com o objetivo de formar organistas na comunidade.

A história da Lira da Paz pode ser dividida em três fases distintas durante a sua existência como entidade musical. Estas diferenças vão, desde mudanças do nome da sociedade musical até períodos de plena decadência quando o fato mais importante de sua existência se resumia nas reuniões mensais realizadas pela sua mesa diretora.

1.1 - Primeira Fase – Surgimento da Lira de Nossa Senhora da Paz.

A Sociedade Musical Lira da Paz, estabelecida no distrito de Ravena, pertencente à cidade de Sabará, possui mais de um século de historia. Seus primeiros vestígios de existência datam do inicio do século XX, por volta do ano 1902. Nesta época o distrito de Ravena ainda se chamava Nossa Senhora da Lapa e a banda em formação Lira de Nossa Senhora da Paz.

Há relatos sobre a composição de um dobrado de nome Dois de Janeiro, em comemoração a fundação desta nova corporação musical. Nenhuma partitura ou documento foi encontrado para que este fato pudesse ser comprovado, apesar de existir nos arquivos da Lira da Paz um dobrado Dois de Janeiro de copia mais recente (1945).

O primeiro maestro a reger a banda foi Jeronymo Martins. Os músicos mais antigos o definem assim: “Era um negro, de feições fortes, compositor do dobrado dois de Janeiro”, como relata o Sr. Antônio Marcos Severino, mais conhecido na comunidade como Antônio de Edith.

“Era comum às bandas de musica serem formadas por negros ou mulatos – uma classe social intermediária para a sociedade da época, em virtude de sua cor e em sua maioria eram profissionais liberais”.(Carvalho, p. 230).[1]

Uma das partituras mais antigas encontradas nos arquivos da Lira da Paz faz referência ao maestro Jeronymo Martins. Esta partitura cita o Dobrado Bolas, copiado por Jeronymo Martins, em cinco de outubro de 1907.

Esta primeira formação existiu até 1908, se desfazendo em conseqüência da mudança de músicos da comunidade ou de perda de interesse pelo estudo da música, mesmos fatos que viriam a se repetir por várias vezes na Lira da Paz. Nenhuma outra referência sobre o Maestro Jeronymo Martins foi encontrada.

De passagem aparecerá o maestro Manoel da Silva Gomes. Ele ficou na Lapa[1] entre 1908 e 1911. Teria ele mudado para Belo-Horizonte, mas voltaria por várias vezes à Lapa como compositor ou distribuidor de música. Assim o tratavam: “Manoel da Silva Gomes reestruturou a banda de Ravena, era compositor e professor didático” (Marcos, 2004[2]). Em uma de suas passagens pela Lapa, ele compôs a valsa Lágrimas no Deserto, em doze de março e uma polca, um dia depois, treze março de 1932.

A partir de 1937, já com residência fixa em Belo-Horizonte, Manoel da Silva Gomes, se tornou apenas fornecedor e autor de algumas obras para Ravena, período em que ele passou a ser conhecido como distribuidor de partituras. Isto pode ser constatado através de várias partituras encontradas nos arquivos da Lira da Paz, sendo um dos exemplos o Dobrado Altivo Pinto, de primeiro de fevereiro de 1939, onde Manoel da Silva Gomes se intitula fornecedor geral da obra.

Surgiu, então, o maestro que teria a mais longa passagem à frente da banda naquela época, o maestro Gustavo Crispim, que ficou por mais de vinte anos à frente da Banda Lira Nossa Senhora da Paz. Gustavo Crispim era músico experiente, dizia ser Sargento Músico I Clarinetista do Quinto Batalhão da Força Pública do Estado de Minas Gerias. Ele também foi Terceiro Juiz de Paz eleito em 1922 e Quarto Juiz de Paz eleito no quadriênio de 1927 a 1931. Seu nome aparece em várias partituras do arquivo da banda a partir do ano de 1911, como copista ou arranjador. É durante sua passagem por Ravena que surge a primeira fotografia da banda Lira Nossa Senhora da Paz, foto datada de quinze de agosto de 1921[3].

Nesta foto aparecem treze componentes, além do padre e outras pessoas da comunidade. Todos os músicos usavam terno, gravata e chapéu. A banda nesta foto possuía os seguintes instrumentos musicais: duas tubas (sousafone), um bombardino (Euphonium), dois trombones, duas clarinetas, trompete, tarol, prato e surdo. Muito destes antigos instrumentos ainda fazem parte da atual Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena; todos foram cedidos por familiares dos antigos músicos para fazerem parte do acervo instrumental desta sociedade musical. O prato ainda pode ser visto em plena atividade nas apresentações feita pela Lira Paz.

A figura 2 mostra a foto desta antiga formação musical. Uma cópia desta foto foi gentilmente cedida pela senhora Modestina Joana de Assis Peregrino, filha de Levindo Evangelista Siqueira, bombardinista integrante desta formação musical, músico que também foi integrante da primeira banda formada em Ravena, como nos conta sua filha Dona Modestina.

O distrito de Ravena, outrora Nossa Senhora da Lapa, sempre teve a festa de sua padroeira – Nossa Senhora da Assunção – realizada na segunda semana do mês de agosto.

Uma das ultimas menções da presença do maestro Gustavo Crispim à frente da Banda de Ravena aparece em uma partitura de dez de agosto de 1931, como copista da partitura para bombardino de uma marcha chamada Pastorinha. Mas os músicos mais antigos relatam que Gustavo Crispim ficou em Ravena até 1938, deixando esta comunidade devido a um emprego em uma fábrica existente na cidade de Raposos; e em 1939 ele mudaria com toda sua família para aquela cidade.


Veio então para Ravena aquele que seria o maestro de passagem mais rápida já vista na comunidade. Este senhor de nome Sebastião Martins Vieira, veio da comunidade de Gorceix, pertencente à cidade de Caeté. Ele era alfaiate, músico compositor e tinha como principal característica musical um Saxsofone-alto que ele mesmo teria construído. Outro ponto marcante seria o dobrado “Oito de Outubro” composto no ano de 1941, na Lapa, dobrado este que seria um importante marco na reestruturação da Lira da Paz de Ravena que iria ressurgir em 2000, ano de sua última reestruturação, pois seria o primeiro dobrado a ser apresentado pela reestruturada Lira da Paz.

Sebastião Vieira Martins deixou Ravena porque sua esposa não gostava de morar naquela comunidade. As pessoas que a conheceram contaram que ela tinha “problemas de cabeça” fazendo com que o maestro se mudasse, em 1941, para a comunidade de Marzagãnia, outro distrito de Sabará, onde ele criaria uma nova banda de música. Está localidade era promissora; em conseqüência da instalação de uma fábrica de tecidos, atual fabrica da Marcel Phillip.

A banda estava novamente sem maestro. Foi quando o até então diretor da Banda, Levindo Evangelista, convidou o maestro da banda de Cuiabá, comunidade próxima a Ravena, para trabalhar com a Lira de Nossa Senhora da Paz. E em janeiro de 1942 chega na Lapa o maestro José Umbelino. O maestro José Umbelino nasceu em quinze de maio de 1884, em São Sebastião dos Ferreiras, município de Santana dos Ferros. Aos doze anos ingressou no seminário do Caraça, onde ficou por seis anos e estudou música, teologia, francês e latim. Era músico experiente e já havia servido em diversas cidades como Serro, Diamantina, Morro do Pilar, São José do Brajaúba, Santa Maria, Itambé, entre outras. No ano de 1942, trabalhou também em Raposos, antes de ir definitivamente para Ravena.

Durante sua estadia em Ravena, a banda de Musica deixa de se chamar Lira de Nossa Senhora da Paz e passa a se chamar Corporação Musical Lira da Paz. O maestro José Umbelino também formou, em 1947, um coro sacro em Ravena, para se apresentar com a banda durante as missas realizadas na região.

José Umbelino ficou em Ravena até o fim de sua vida e em 1950. Durante uma procissão em comemoração aos festejos da padroeira – Nossa Senhora de Assunção ­– em 15/08/1950 teria passado mal. O maestro foi encaminhado com urgência para o hospital de Sabará, internando no dia dezesseis de agosto, local onde permaneceu por três dias, vindo a falecer em dezenove de agosto de 1950.[1]

Várias vezes em que a banda parou de ensaiar duas devem ser relembradas devido a sua importância histórica. Da primeira vez o músico Levindo Evangelista que era dono de seis dos instrumentos que faziam parte da Lira da Paz e que após seu falecimento em 1947, foram vendidos por sua viúva, dona Dagma Cesarino Rocha ou Dona Dada, como era conhecida, para a banda da comunidade de Roças Novas, distrito de Caeté. Neste período o maestro José Umbelino se mudou para Roças Novas e ficou por lá até 1948, quando voltou para Ravena. O segundo ponto importante eram as constantes brigas entre a Lira da Paz e o padre da comunidade, Joaquim Geraldo, devido a um terreno pertencente à banda de música que ficava entre a Rua Santa Luzia, atual rua Geraldo Sampaio, com Largo do Rosário, número 115. Este terreno foi doado para a banda por Ari Teixeira da Costa, prefeito de Santa Luzia[2]. Este terreno também era de interesse da Igreja, razão pela qual o padre nem mesmo convidava a banda para se apresentar nas festas da comunidade.

Após o falecimento do maestro José Umbelino, a Lira da Paz ficou o maior período de sua história sem a presença de um maestro, voltando a tê-lo somente em 2000 após reestruturação da banda. A sociedade musical passou a se apresentar apenas nas Festas da Padroeira e Semana Santa realizadas na comunidade, mas para isto, ficou dependendo de músicos vindos de outras regiões como José Brandão, Roças Novas, Nova Lima, Sabará, Raposos. Estes músicos auxiliavam os outros ainda residentes em Ravena.

1.2 – Segunda Fase – Resumo de fatos importantes ocorridos entre 1963 e 1991.

Nesta fase, serão apresentados resumos de fatos importantes retirados do livro de atas da Lira da Paz, onde se cita a formação da diretoria, desta nova e agora permanente Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena. Esta diretoria tem o objetivo de angariar verbas para que a sociedade musical possa voltar as suas plenas funções. Neste período as apresentações realizadas pela Lira da Paz limitavam-se a apresentações da Festa da Padroeira e Semana Santa, porque a maioria dos músicos mudou-se de Ravena como já tinha acontecido em outras épocas.

Para que a Lira da Paz pudesse se apresentar, era necessário contar com a participação dos músicos residentes em regiões próximas a Ravena, limitando as apresentações a datas já pré-definidas. A Lira da Paz não dispunha de maestro nem de um músico mais experiente que pudesse dar aulas de música para renovar o quadro de músicos da banda. Então, a Lira da Paz vê a sua existência resumida às reuniões periódicas realizadas por sua diretoria.

A seguir serão apresentados cronologicamente alguns fatos considerados mais importantes encontrados nos livros de ata do arquivo pertencentes à Lira da Paz.

· 07/07/1963 - Escolha da primeira diretoria da Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena e aprovação do primeiro estatuto em assembléia geral.

· 20/06/1965 – Edição do resumo do estatuto da Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena no órgão oficial do Estado de Minas Gerais - Diário do Executivo - em vinte e seis de setembro de 1963.

· 25/07/1965 - Ata de demonstração de gastos da construção e Primeira Reunião da nova sede da Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena. A figura três mostra a página desta ata.

· 29/08/1965 - Relato sobre o grande êxito da representação teatral realizado pela diretoria da Sociedade Musical Lira da Paz para angariar fundos para a mesma. A sede passou a sediar ensaios de teatro em Ravena.

· 27/07/1966 - Devido à falta de um mestre para os ensaios da corporação musical, a diretoria decide emprestar as instalações musicais da banda de Ravena para a instalação da escola primária com prazo determinado em documento, para a Prefeitura Municipal de Sabará.

· 07/09/1969 - Constantes crises geradas pela má vontade do padre e pessoas chegadas a ele que, por motivos políticos e religiosos insistem em marginalizar a banda de música.

· 12/10/1975 - Reunião realizada em clima de euforia devido à chegada de um novo vigário a comunidade. Após um período de inatividade a Lira da Paz volta a tocar nas festividades da Semana Santa. Nesta reunião também é citada uma partitura de um maestro Gomes de 1902[3] e de um maestro de apelido Tão[4] que teria fabricado seu próprio instrumento.

· 06/09/1977 - Relembrado a importância da sede da corporação musical para a comunidade, servindo de escola primária e de residência para o destacamento policial a mais de dezoito anos.

· 14/08/1978 - São lembrados nesta reunião os músicos mais antigos e os músicos considerados mais recentes já falecidos até está data.

· 12/09/1978 - A Lira da Paz empresta, através de seu presidente Cícero Ferreira Pinto, quatro instrumentos musicais pertencentes à banda para a Prefeitura Municipal de Sabará fundar uma banda juvenil na sede da comarca.

· 01/05/1980 - O primeiro secretário da banda, Antônio Marcos Severino, propõe ensinar os princípios da artinha a um grupo de jovens que se propuseram a aprender música e no mesmo momento convidar o músico Antônio Apolônio Evangelista, ex-integrante da sociedade musical, agora residente em Sabará, a ser o Maestro.

· 24/07/1980 - A Prefeitura Municipal de Sabará entrega os instrumentos emprestados, pela Lira da Paz à Banda Juvenil de Sabará.

· 20/06/1981 – É citado o empréstimo da sede para a Legião Brasileira de Assistência - LBA.

· 11/10/1991 – “Às 5 horas reuniram-se os membros restantes da antiga corporação musical Lira da Paz. Motivo era discutir o encerramento das atividades da referida sociedade musical o que, aliás, já ocorreu há bastante tempo. Para encerrar declaro dos membros da antiga diretoria restam apenas cinco, pois o restante dos músicos e da diretoria já faleceram”. (Severino, 1991).


1.3 – Terceira Fase – Reestruturação da Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena.

A terceira e última fase de reestruturação da Lira da Paz vêm para reafirmar a antiga historia da Fênix, aquela ave de fogo descrita na mitologia, que sempre ressurge das cinzas revigorada. Com este pensamento, está sendo construída está nova etapa Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena.

Tudo teve inicio numa conversa entre o até então prefeito de Sabará, Sr. Wander José Goddard Borges e o Subsecretário de Turismo, Sr. Sergio Alexandre sobre a possibilidade da contratação de um maestro que pudesse reestruturar a Lira da Paz. As pessoas mais empenhadas nesta reestruturação eram o Senhor Cícero Ferreira Pinto e o Senhor Antônio Apolônio Evangelista, antigos músicos da sociedade musical que já negociavam previamente junto a Sérgio Alexandre, a possibilidade da Prefeitura Municipal de Sabará promover a Lira da Paz. E em abril de 2000, o maestro Alleton de Melo Silveira é contratado.

Eu, Alleton de Melo Silveira, iniciei meus estudos na Sociedade Musical São Sebastião de General Carneiro, distrito de Sabará. Na época, da minha contratação pela Prefeitura Municipal de Sabará, estava no quarto período do curso de Bacharelado em Flauta Transversal da Escola de Musica[1] da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Era primeiro flautista da Banda Sinfônica do Palácio das Artes, Banda Sinfônica da Universidade Federal de Minas Gerais e da Banda Sinfônica 12 de Março.

A partir deste primeiro incentivo da prefeitura de Sabará foi necessário reestruturar a diretoria da Sociedade Musical Lira da Paz de Ravena. Em 20 de Abril de 2000, às vinte horas, foi aprovada a ata do estatuto de eleição e posse da diretoria da Sociedade Musical Lira da Paz do Distrito de Ravena. Esta reunião foi presidida pelo Sr. Cícero Ferreira Pinto, ficando a diretoria assim constituída:

- Presidente – Carlos Antônio Ferreira Pinto.

- Vice-Presidente – João Divino Dias.

- 1º Secretária – Solange Soares Pinto Ribeiro.

- 2º Secretário – Zélia Maria Pinto Ribeiro.

- 1º Tesoureiro – José Augusto Ferreira.

- 2º Tesoureiro – Silvio Feliciano Ribeiro.

- Arquivista – Cícero Ferreira Pinto.

- Zelador – Sebastião Amaro da Cunha.

- Conselheiros Fiscais Efetivos - Ely Severino, Antônio Jacinto Ribeiro e Nilma Rocha Marques Maroca.

- Conselheiros fiscais suplentes – Reginaldo Ferreira Pinto, Edna Maria Ferreira Pinto, Eugênio Thiago Ferreira Pinto.

Segundo o livro de atas (2000, p.2), os eleitos foram empossados logo a seguir, entrando imediatamente em suas funções.

Foi divulgada a abertura de vagas para novas turmas de alunos que quisessem aprender música. Surgiram cinqüenta candidatos nesta turma, alunos de várias idades, desde os nove até os cinqüenta anos e que vinham das várias regiões do distrito de Ravena. Os primeiros alunos admitidos, não tinham nenhuma noção de música, as únicas referências musicais que tinham de banda eram as festas da comunidade, quando bandas de outras cidades se apresentavam em Ravena. A segunda turma tinha como referência a já reestruturada banda de Ravena. Quanto à terceira turma, está já pode desfrutar de aulas individuais, com professores voluntários, além das aulas em grupo. Foram tempos difíceis, onde muitos alunos da primeira turma de teoria desistiram de suas atividades musicais na banda por não terem perspectiva de acesso a um instrumento musical.

Outro fato importante viria a acontecer no final do ano de 2000, período em que eu, enquanto maestro da Lira da Paz, fui demitido devido à troca de mandato do prefeito da época. O prefeito seria reeleito, mas não recontrataria o maestro de imediato. Assim surgiu uma nova possibilidade de suspensão das atividades da sociedade musical. Mas em três de abril de 2001 a Diretoria da Banda de Música discutiu sobre a continuidade do aprendizado de musica e as condições que se encontrava o maestro, que continuava dando aulas sem receber. Neste período os diretores resolvem arrumar colaboradores para ajudar a manter o maestro que só seria recontratado pela prefeitura em maio de 2001.

Surge, então dois mecenas na historia da Lira da Paz: a Senhora Angela Maria Ribeiro Couri, esposa do Senhor Emil Couri, ambos responsáveis pela doação de um quite com quinze instrumentos musicais para a banda de música. Uma festa foi programada para o dia 17 de maio de 2001, quando os instrumentos foram entregues. De acordo com informações contidas no livro de atas, a historia foi assim contada:


“Ela filha de Ravena, que juntamente com seu marido, senhor Emil Curi, ao saberem por intermédio de seus pais, Álvaro Ramos Ribeiro e Maria das Dores Pinto Ribeiro, que os alunos já estavam na fase de colocar em prática as teorias recebidas pelo professor, mas não dispunham de nenhum instrumento, sensibilizados compraram e doaram para que o sonho de todos os Ravenenses fosse realizado. A abertura dos instrumentos trouxe imensa alegria aos alunos e demais pessoas presentes”. (Livro de Ata, 2001, p.3)



Dona Angela com entusiasmo fala que: “Música é cultura, quem sabe música nunca está sozinho, até mesmo o instrumento é um amigo”. A partir daí se segue os festejos neste, que foi um dos mais importantes dias da reestruturação da Lira da Paz. Os instrumentos musicais doados foram: três clarinetas, dois trompetes, dois trombones, um sousafone, um bombardino, um saxofone alto e um tenor, um bumbo, um surdo, um pandeiro, um tarol e onze estantes para partitura.

A primeira apresentação, realizada pela reestruturada Lira da Paz, viria a acontecer seis meses depois, na Igreja Matriz de Ravena “Nossa Senhora de Assunção”, às dezoito horas do dia quinze de novembro de 2001. Este dia foi escolhido devido a sua importância perante a sociedade brasileira - dia da Proclamação da Republica - que passaria a ser também importante em relação à nova historia que estava sendo escrita nesta comunidade. A banda que se apresentou era composta por dezessete alunos mais sete músicos convidados. A festa foi completa, pessoas foram homenageadas, entre elas Angela Curi, Sr. Wander José

Goddard Borges, Sr. Cícero Ferreira Pinto, Sr. Antônio Marcos (Antônio de Edith) e o Sr. Antônio Apolônio Evangelista.

Um primeiro Encontro de Bandas aconteceria dez dias após a primeira apresentação em Sabará, na comemoração do aniversário de duzentos e vinte anos da Sociedade Musical Santa Cecília de Sabará. E com alegria chegaria o dia da realização deste esperado evento, que apresentou, no dia vinte e cinco de novembro a Sociedade Musical lira da Paz para toda a cidade de Sabará. A figura número 5 destaca esta primeira apresentação em praça publica, realizada em Sabará.

convites para participações de festividades religiosas, alvoradas, procissões ou mesmo apresentações em festas particulares, almoços beneficentes entre outras apresentações. Durante um destes eventos surgiu à possibilidade de apresentação em uma cidade próxima a Ravena. O motivo do convite foi à realização de um encontro de Bandas em Caeté no dia dezessete de fevereiro, em comemoração ao aniversário da cidade.

Fatos importantes começaram a ocorrer, dentre eles, uma subvenção, da Prefeitura Municipal de Sabará, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), que foi empregado na compra de instrumentos musicais, o que possibilitou o aumento do número de músicos da Lira da Paz. O Sr. Carlos Antônio Ferreira Pinto, presidente da Lira da Paz, recebeu o cheque das mãos do até então prefeito Wander José Goddard Borges; no dia primeiro de maio do ano de 2002. Neste mesmo ano de 2002, a Lira da Paz, começou a se apresentar em cantatas de Natal, realizadas em Ravena, General Carneiro, Nações Unidas e Vila São José. A Banda voltaria a se apresentar nestas comunidades no ano de 2003 e 2004.

Para o repertório de natal são escolhidas músicas comuns a todas as comunidades citadas, para que estas comunidades possam participar diretamente da cantata de natal, não somente como ouvintes. No período de natal foi criado um coral para atuar junto a banda e que tem a função de guiar a comunidade nas canções.

Hoje em dia, a Lira da Paz, com apenas cinco anos de reestruturação, já possui um repertório substancial, construído a partir da tradição dos dobrados, incluindo marchinhas de carnaval e os não menos admirados boleros, percorrendo o folclore brasileiro, baiões e composições de Pixinguinha (Carinhoso), Los Hermanos (Ana Julia) e Roberto Carlos (Nossa Senhora). Outro fator que distingue o repertório da Lira da Paz, é a valorização dos compositores Sabarense entre eles, Antônio Apolônio Evangelista, Antônio Umbelino, Juliano Paschoal, Alexandre Piló e Alleton de Melo Silveira.

Dezessete músicos iniciaram sua participação na banda desde a reestruturação, destes, alguns abandonaram a Lira da Paz, tanto por problemas particulares, quanto por indisciplina. Atualmente a banda de música possui em seu quadro de músicos, trinta e cinco instrumentistas, tendo como previsão, para o final do ano de 2006 mais de quarenta componentes, entre músicos de sopro e de percussão. Nesta atual fase, a banda conta com o auxilio de vários professores voluntários na formação destes novos alunos, além dos músicos mais antigos.

Dos atuais eventos, podemos citar dois como mais relevantes: o “Primeiro Encontro de Banda de Ravena”, realizado em quatorze de novembro de 2004 e o “Segundo Encontro de Bandas de Ravena”, realizado em sete de agosto de 2005, participando das festividades da padroeira “Nossa Senhora da Assunção”, através da mobilização comunitária que resultou em doações para realização destes eventos. Outro evento importante foi à apresentação do projeto Ravena In Concert realizado pelos músicos da Lira da Paz no Teatro Municipal de Sabará. Este evento tem como finalidade mostrar as várias formas de se fazer música na Lira da Paz, pois atualmente os alunos além de participarem da banda, também integram duetos, trios e quartetos.

Finalizando o histórico da Lira da Paz, devemos nos lembrar das dificuldades financeiras que todas as corporações musicais passam, fazendo com que estas paralisem suas atividades. Geralmente se reativam, pois a historia mostra que nossas corporações musicais resistem ao tempo, nunca são esquecidas, assim como as pessoas que se tornaram responsáveis por estas corporações musicais. Uma demonstração da importância de uma banda de música como centro cultural de uma comunidade são os espetáculos culturais proporcionados por elas, que não são apenas musicais, tornando-se multidisciplinares, como é o caso da Lira da Paz. Hoje em Ravena já se vê, por exemplo, peças teatrais, peças musicais vindas de outros estados, além do gosto que as crianças então tendo pela dança.

“Nossa responsabilidade perante a comunidade é muito grande, devemos primeiramente agradecer a Deus e a todas as pessoas que se empenham na manutenção da lira da Paz, que atualmente vê na construção de sua sede o seu mais importante marco de existência. A sede é lá na rua Santa Luzia com a praça Largo do Rosário, aquele mesmo local que provocou desavenças entre o padre e a banda há alguns anos atrás, só que agora se houvesse a briga novamente está seria de muito maior proporção, pois a referida sede tem em seu projeto três andares, que já se encontram com telhado colonial e tem como previsão de término de sua construção o ano de 2006”. (Melo, 2006, p. 17).

“Ela filha de Ravena, que juntamente com seu marido, senhor Emil Curi, ao saberem por intermédio de seus pais, Álvaro Ramos Ribeiro e Maria das Dores Pinto Ribeiro, que os alunos já estavam na fase de colocar em prática as teorias recebidas pelo professor, mas não dispunham de nenhum instrumento, sensibilizados compraram e doaram para que o sonho de todos os Ravenenses fosse realizado. A abertura dos instrumentos trouxe imensa alegria aos alunos e demais pessoas presentes”. (Livro de Ata, 2001, p.3)










[1] ESMU – Escola Superior de Música.




[1] . Dados retirados de Informes Biográficos sobre a vida do Maestro José Umbelino escrito pelo Sr. Cícero Ferreira Pinto.

[2] Historicamente o distrito de Ravena pertenceu primeiramente à cidade de Sabará, depois devido a um troca de favores passou a pertencer à cidade de Santa Luzia e depois voltou novamente a pertencer a Sabará.

[3] Não a relatos que comprovem esta informação, pois partituras não foram encontradas com a data de 1902 nos arquivos da sede que pertençam ao maestro lembrado.

[4] Este maestro construtor seria Sebastião Vieira Martins, maestro este já citado anteriormente.



[1] Neste período o distrito de Ravena era conhecido como Nossa Senhora da Lapa ou apenas Lapa

[2] Entrevista cedida por Antônio Marcos Severino em 24/06/2004, em sua casa, na rua Padre Guilherme, n° 17, Ravenópolis / Sabará.

[3] Antigamente a festa da padroeira era realizada no dia 15 de agosto, não importando se este dia caísse num dia durante a semana, hoje sempre se procura o domingo mais próximo do dia para realizar a festa da padroeira.